Visita ao Museu Seringal Vila Paraíso

Vivência cultural no Igarapé São João, Manaus.

O Instituto Social Terra & Gente realizou, ao longo do mês de maio, o Circuito Formativo “Seringal, Sangue e Suor”, uma iniciativa educativa que integrou formação teórica e vivência cultural em homenagem ao Dia do Trabalhador, celebrado em 1º de maio. O mês foi inteiramente dedicado à valorização da memória, das lutas e das condições de vida dos trabalhadores que construíram parte significativa da história socioeconômica do Amazonas.

Imersão Teórica: A Escola como Base

Imersão teórica e formação com os alunos

Atividades formativas na Escola Municipal Ulisses Guimarães.

A base teórica deste circuito foi construída dentro da sala de aula, fruto de uma parceria estratégica entre o Instituto Social Terra & Gente e a Escola Municipal Ulisses Guimarães, localizada no bairro Novo Aleixo.

Através dessa cooperação institucional, o Professor José Amâncio Brasil Júnior (1º Secretário do Instituto) assumiu a condução das atividades pedagógicas, levando o projeto para dentro da escola. Atuando como mediador entre o Instituto e a comunidade escolar, ele transformou o conteúdo histórico em uma preparação viva e interativa para a visita de campo.

Durante os encontros na escola, foram trabalhados temas fundamentais para contextualizar a visita:

  • O auge do Ciclo da Borracha (final do século XIX e início do XX).
  • A migração de milhares de nordestinos em busca de melhores condições de vida.
  • A rotina exaustiva do seringueiro, com jornadas de 15 a 18 horas diárias na mata.
  • O sistema de aviamento, que gerava dívidas impagáveis e condições análogas à escravidão.
  • O isolamento, a solidão e a ausência do Estado nos seringais.
  • O declínio do monopólio brasileiro após o contrabando das sementes por Henry Wickham.
  • A Segunda Guerra Mundial e o drama dos Soldados da Borracha.
  • A resistência e organização dos seringueiros, o legado de Chico Mendes e o surgimento do CNS.
  • A retomada contemporânea do extrativismo sustentável e o papel do seringueiro como guardião da floresta.
“Levar a história do Amazonas para dentro da Escola Ulisses Guimarães e depois vivenciá-la no museu permitiu que os alunos não apenas aprendessem sobre o passado, mas sentissem a dimensão humana do Ciclo da Borracha.”

Visita Mediada: Premiação e Mérito

Visita mediada e reconhecimento no Museu Seringal

Alunos no Museu Seringal Vila Paraíso.

No dia 19 de maio de 2024 (domingo), às 9h30, foi realizada a etapa final do circuito: a vivência cultural no Museu Seringal Vila Paraíso, localizado no Igarapé São João, afluente do Tarumã-Mirim.

É importante destacar que a participação nesta visita não foi aleatória. Os alunos presentes foram aqueles que se classificaram durante o Circuito Formativo em sala de aula, demonstrando engajamento e aproveitamento do conteúdo ministrado pelo Professor Amâncio. A visita funcionou, portanto, como uma premiação educativa e um reconhecimento ao mérito dos estudantes.

A coordenação logística e pedagógica desta ação em campo ficou a cargo de Washington Luís S. Leal, Diretor de Projetos e Estratégia do Instituto, que garantiu que a experiência fosse segura, organizada e profundamente enriquecedora.

A experiência foi mediada pelos guias do espaço, proporcionando aos participantes:

  • Contato direto com a arquitetura e a organização dos antigos barracões.
  • Visualização das ferramentas, utensílios e do processo de defumação da borracha.
  • Compreensão ambiental do território e da floresta.
  • Reconstrução, por meio de narrativas vivas, da dinâmica socioeconômica que moldou o período.

A visita consolidou a aprendizagem desenvolvida em sala de aula e ofereceu aos jovens e às famílias uma oportunidade singular de reconectar passado e presente, compreendendo como a história da borracha ainda influencia a identidade e a economia da Amazônia.

Um Ato de Memória e Reconhecimento

O Circuito Formativo “Seringal, Sangue e Suor” reafirma o compromisso do Instituto Social Terra & Gente com a educação comunitária, a valorização histórica e a construção de uma visão crítica sobre os processos sociais que marcaram, e ainda marcam, a realidade amazônica.

Mais do que uma experiência cultural, o circuito ofereceu consciência histórica, valorização da memória do trabalhador, aproximação das juventudes com a identidade amazônica e engajamento social através do conhecimento.

Instituto Social Terra & Gente

Núcleo de Educação e Cultura