A Gestão Social como Base Metodológica

A metodologia do Projeto Jogue Capoeira Na Escola (PJCE) representa um marco na nossa compreensão sobre intervenção social em territórios vulneráveis. A execução deste projeto, realizada entre 2006 e 2008, provou que a eficácia de uma ação social não depende apenas de recursos financeiros, mas, fundamentalmente, de três pilares: diagnóstico preciso, articulação intersetorial e engajamento comunitário real.

Esta experiência prática, somada ao conhecimento técnico em Gestão Pública de nossa equipe, fundamenta hoje a atuação do Instituto Social Terra & Gente. Não replicamos apenas atividades, replicamos processos validados de mobilização e impacto, oferecendo a parceiros públicos e privados a segurança de uma execução técnica pautada na realidade do território.

Washington Luís S. Leal

Gestor de Projetos

A Proposta (O Estudo de Caso de 2006)

A proposta do Projeto Jogue Capoeira Na Escola (PJCE), iniciado em 2006, foi voltada para a educação, organização social e a parceria com as escolas públicas de comunidades carentes da periferia. O projeto desenvolveu atividades de cunho formativo, esportivo, cultural e social, tendo em vista a sensibilização e conscientização dos alunos contra as drogas, descriminações, vandalismo e depredação do patrimônio público.

Naquela época, era fácil constatar que muitas Crianças, Jovens e Adolescentes de comunidades humildes se viam sem perspectivas de um futuro satisfatório, pois se encontravam diante de inúmeras realidades negativas: violência, pobreza, desemprego, drogas. Portanto, foi urgente apresentar-lhes propostas que pudessem revelar a possibilidade de compromisso com novos horizontes.

Etapa 1: O Diagnóstico (O Mapeamento)

Antes de qualquer ação, a equipe técnica foi a campo. O PJCE não nasceu de uma ideia abstrata, mas de um diagnóstico socioeconômico profundo. Foi realizado um percurso no bairro "casa a casa", conversando com as famílias e preenchendo fichas para entender a realidade de cada lar.

Este mapeamento permitiu criar relatórios de análise, identificando:

  • Renda mensal e situação de emprego dos pais;
  • Nível de escolaridade dos responsáveis;
  • Condições de saúde das crianças e da família;
  • Acesso a programas de auxílio governamental.

Neste processo, foram descobertos problemas de saúde graves em algumas crianças, que foram imediatamente encaminhadas para a saúde pública, antes mesmo do projeto de capoeira começar. Isso é a base da metodologia institucional: entender o problema a fundo antes de propor a solução.

Etapa 2: A Intervenção (O Projeto)

Por que a Capoeira?

A capoeira foi a ferramenta escolhida por trazer um desenvolvimento corporal complexo, trabalhando equilíbrio e coordenação. Além disso, como manifestação cultural brasileira, ela auxilia na construção do caráter e no bom relacionamento em grupo.

A exigência principal para participar era estar frequentando a escola, pois entende-se que o desligamento escolar é o primeiro passo para a marginalização.

Missões do Projeto

  • Oficina de instrumentos (atabaques, berimbaus) e aulas de percussão.
  • Palestras sobre sexualidade, saúde, drogas, criminalidade e comportamento.
  • Reforço e acompanhamento do boletim escolar.
  • Oficinas de teatro, dança e demonstrações culturais.
  • Alimentação básica (lanches) após as atividades.
  • Integração com a comunidade (pais e alunos).

A Equipe Técnica (A Parceria)

O sucesso da metodologia PJCE não se baseou apenas na ideia, mas na gestão e na parceria estratégica. O projeto foi construído em conjunto com o grupo de capoeira Liberdade Negra, liderado pelo Contra Mestre Paulinho Amizade.

Uniu-se o "útil ao necessário": a equipe de articulação (hoje base do Instituto) entrou com a gestão e o espaço (conseguido junto à APMC da Escola Ana Sena Rodrigues), e o grupo Liberdade Negra entrou com o "conhecimento de causa" da capoeira. Juntos, formaram a equipe multidisciplinar:

  • 01 Coordenador Geral
  • 01 Contra Mestre de Capoeira
  • 01 Instrutor Professor
  • 03 Monitores
  • 01 Orientadora Social
  • 01 Orientadora Cultural
  • 01 Articulador Comunitário

Galeria I: O Início

Imagem de capa da galeria 'O Início'

Elaborando o Projeto fase a fase.

Galeria II: Apresentação aos Pais

Apresentação do projeto aos pais

Reunião de apresentação do projeto para os responsáveis.

Galeria III: As Primeiras Aulas

Primeiras aulas de capoeira

Os primeiros movimentos e a integração dos alunos.

Galeria IV: O Projeto em Ação

Alunos do PJCE em formação

Imagens do projeto em plena atividade.

Etapa 3: Da "Garra" à Metodologia de Formação

O Projeto Jogue Capoeira Na Escola foi um aprendizado profundo, executado "na cara e na coragem" e com zero financiamento público. Ele provou que, mesmo há 19 anos e sem recursos formais, nossa equipe soube como:

  • Ir a campo e diagnosticar os problemas reais das famílias, "casa a casa".
  • Articular e gerir uma equipe de parceiros estratégicos na comunidade (Grupo Liberdade Negra) e em instituições (Escola Ana Sena).
  • Planejar e executar uma intervenção social complexa, que foi além do esporte, cuidando da saúde e da cultura.

Como o Instituto usa isso hoje:

Essa "bagagem real" é a credibilidade que o Instituto Social Terra & Gente traz para sua missão principal. Nós usamos essa experiência validada para:

  • Capacitar líderes comunitários, associações, clubes de mães e prefeituras a replicarem esse modelo (diagnosticar, articular, executar) em seus próprios territórios.
  • Prestar Consultoria a órgãos públicos na estruturação de projetos sociais complexos para a captação de recursos em editais federais e estaduais, com a segurança de quem já validou a ação "no chão".

Nós não apenas sabemos fazer. Nós temos a autoridade validada para ensinar a fazer.